sábado, 29 de março de 2008

Pêndulo

Tudo é movimento, tudo nasce, tudo cresce, tudo morre, em perpétuo ciclo, incontrolável e imparável... Todos os dias os sol nasce, cresce, morre, dando lugar à lua, que nasce, cresce e morre tal e qual pêndulo.
Presenciamos todo este movimento pendular, toda a vida em nosso redor, tudo o que dela é originário... e contemplamos o nosso próprio relógio, sempre em andamento, nascemos, crescemos... e a única coisa que nos resta é olhar, contemplar, porque aqui, contrariamente ao que poderíamos sonhar, não podemos rastejar de novo para dentro...

Cláudio R.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Poesia... porque não ?

No outro dia alguém me perguntou porque não me aventurava nos campos da poesia. No momento fiquei estático, sem resposta, mas no fundo o que eu gostava de ter respondido era o seguinte:

É difícil falar de poesia, é difícil falar daquilo que desconhecemos, porque apesar de se tratar de uma forma de espressão arrogante e masturbatória, a poesia é exigente, exige uma atenção total. Pede silêncio, pede atenção.

Apesar de tudo a poesia aproximou-se das pessoas, pode-se ler poesia, pode-se ouvir poesia, mas infeizmente não se pode ser poesia.

E é por estas razões que não me aventuro na poesia, não tenho a concentração, não tenho a arrogância, mas principalmente, porque não a posso ser...

terça-feira, 11 de março de 2008

Útero

Sinto-me partir cada partícula do meu corpo com a queda. Contorço-me no chão em luta com o casulo de placenta que me cobre. Libertar-me daquele casulo pegajoso e encher-me com o ar pesado da atmosfera enquanto me engasgo com pequenos coágulos de sangue gela-me os pulmões.
Estou distante, partido, perdido... casa...
A luz cega-me, o frio gela-me a pele coberta por uma camada viscosa de algo que não sei ao certo o que é, o vento dói...
É tudo tão novo, tão diferente, tão estranho.
Nada vai ser como antes, não sei se ainda há espaço para mim... mas rastejo de volta para dentro... casa...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Uma informaçãozinha...

Alterei as permissões do blog para que quem não está registado no blogger.com também possa comentar, por isso força ai !!!

Cláudio R.

Fim de Tarde... Fim do Mundo

Para todos os que me acusaram de ainda não ter escrito nenhum romance psicotrópico, aqui vai...

Cerro vagarosamente os olhos enquanto o sol triste e acanhado me acaricia envergonhadamente a face.
É engraçado pensarmos como chegamos onde estamos, tudo o que foi preciso passar, aguentar, todas as tempestades, todos os momentos de sol... Mas não foi isso, nem mesmo os campos verdejantes com pequenos pontinhos amarelos que se perdem até onde a minha visão consegue atingir, que me trouxeram aqui neste final de tarde solarengo.

Estou à espera que o nosso amor passe por aqui para lhe poder perguntar o que é que coreu mal.

E sim, pode parecer arrogante e egoísta da minha parte querer subir acima de todos os sentimentos, de todas as barreiras, apenas para fazer uma simples pergunta. Mas faço-o por duas razões, porque para mim não há limites, enquanto sentimos, tudo é possível; e mais importante que tudo o resto... se o nosso amor algum dia passar por aqui, e por muito longe e envergonhado que esteja, me levante a mão como que a dizer adeus, é sinal que pode estar a ir para longe... mas ainda não morreu...

Cláudio R.