A inspiração aparece nas piores horas. Não a conseguimos controlar, traz-nos rasgos de genialidade mas com a mesma intensidade nos faz reviver os piores momentos pelos quais passamos. Sim, porque a felicidade não nos inspira; só o sofrimento, só a dúvida, só a incerteza. A inspiração alimenta-se de sentimentos intensos, de memórias às quais somos incapazes de escapar.
Um momento feliz é fácil esquecermos, mas quantos de nós conseguem deixar para trás os momentos tristes ? Quem consegue afastar aquele aperto claustrofóbico no peito ?
Pergunto-me a mim próprio porque é que estou a escrever acerca da inspiração, o que me leva a estar inspirado para escrever... porque é a única forma de conseguir canalizar os sentimentos para algum lado sem os ter aqui a apertar a meu peito. É tão difícil tentar esquecer a realidade, é tão difícil lidar com a rejeição, com a indiferença, com a dor...
Sinto que fugir é o melhor que faço, mas sempre que estou perto de uma saida há sempre algo que me relembra que não consigo escapar, algo que me relembra o quanto sou impotente, o quanto sou fraco, o quanto sou fácil de manipular...
Talvez devesse parar de escrever, mas eventualmente vou chegar à conclusão de que não consigo fugir, e mais uma vez, cair no abismo.
Uma lição ?
Não há...
Uma verdade ?
A inspiração é uma merda porque faz de nós génios por escassos segundos e depois nos faz ver o quanto somos insignificantes...
Cláudio R, vulgo, o autor de coisas profundas mas inúteis
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