domingo, 13 de janeiro de 2008

Cinzas

Nunca me entreguei às drogas como agora... Drogas para adormecer, para rir, para chorar, para respirar... Numa fase da vida em que nada tenho, apenas quero tirar o máximo partido de cada experiência, desfrutar o máximo de cada minuto, cada segundo... cada milésimo. Todos os dias quebro as regras, funciono ao contrário do resto do mundo, vivo num bolha de pseudo-felicidade auto-inflingida pelo consumo excessivo de substâncias que me alteram e pela fraca ilusão que criei que te esqueci assim que regressei a casa.
Mas conseguiste tu ultrapassar-me a mim ? Ou terás tu também criado uma ilusão de que isso aconteceu ? Os corpos e mentes são máquinas sensíveis que precisam de tempo e estímulo para se habiturem ou desabituarem à presença e ausência de outros corpos. Cada cerveja, cada cigarro, cada linha, cada comprimido, injecta em mim um mundo de outra cor, outras perspectivas, mas também aumenta em mim a incerteza de que posso ter sido eu o causador de tudo isto...

Serei eu a razão da minha demência ?

Uma velha teoria diz que devemos receber a dobrar toda a dor que causamos. Bebo o último trago de whisky, acendo um cigarro, olho lentamente para o tecto e encosto-me no pequeno sofá de veludo... preparo-me para o inferno.

2 comentários:

Pi disse...

dentro da tua gaveta há bolores de onde brotam flores. eu sei (=

JoaoPika disse...

"Tudo começa com um amor."