Nunca me entreguei às drogas como agora... Drogas para adormecer, para rir, para chorar, para respirar... Numa fase da vida em que nada tenho, apenas quero tirar o máximo partido de cada experiência, desfrutar o máximo de cada minuto, cada segundo... cada milésimo. Todos os dias quebro as regras, funciono ao contrário do resto do mundo, vivo num bolha de pseudo-felicidade auto-inflingida pelo consumo excessivo de substâncias que me alteram e pela fraca ilusão que criei que te esqueci assim que regressei a casa.
Mas conseguiste tu ultrapassar-me a mim ? Ou terás tu também criado uma ilusão de que isso aconteceu ? Os corpos e mentes são máquinas sensíveis que precisam de tempo e estímulo para se habiturem ou desabituarem à presença e ausência de outros corpos. Cada cerveja, cada cigarro, cada linha, cada comprimido, injecta em mim um mundo de outra cor, outras perspectivas, mas também aumenta em mim a incerteza de que posso ter sido eu o causador de tudo isto...
Serei eu a razão da minha demência ?
Uma velha teoria diz que devemos receber a dobrar toda a dor que causamos. Bebo o último trago de whisky, acendo um cigarro, olho lentamente para o tecto e encosto-me no pequeno sofá de veludo... preparo-me para o inferno.
2 comentários:
dentro da tua gaveta há bolores de onde brotam flores. eu sei (=
"Tudo começa com um amor."
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